ATO 5 (2022)

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A exposição fluxos do eu: PROCESSOS é o desdobramento da residência-arte que aconteceu durante quatro meses na Oficina Cultural Oswald de Andrade,  chamado aqui de ATO 5. É uma exposição de cinco artistas mulheres periféricas que foram selecionadas para participar da Residência-Arte Vai Passar por uma chamada pública, com seleção de processos desenvolvidos durante a residência que teve o acompanhamento curatorial do coletivo MEIOAMEIO | Fernanda Oliveira e Paula Squaiella. Houveram encontros específicos da curadoria com as artistas residentes dando a oportunidade da apresentação da obra a ser exposta por cada artista. Foram dois encontros entre a curadoria e as artistas durante os quatro meses de residência, cada encontro teve três horas de duração para discutir as propostas, ideias e resoluções para o projeto expositivo final. 

fluxos do eu: PROCESSOS 

texto curatorial MEIOAMEIO

Como desfecho do processo de Residência-Arte Vai Passar com proposição da artista Malka Borenstein, apresentamos a exposição fluxos do eu: PROCESSOS com obras desenvolvidas pelas artista Anna Carolina Bueno, Bárbara Serafim, Bia Rezende, Carolina Tiemi [ITZÁ] e Kim Helena. 

Em um contexto político onde as pautas sociais, identitárias e religiosas são um fator de união e de compartilhamento, a exposição surge como um convite de interação do espectador para com as obras e processos apresentados, propondo a reflexão no que toca à formação do “eu” e suas particularidades. 

Não somente é papel do artista a invenção de outras formas de emancipação do sujeito, mas também uma necessidade de produzir colisões entre  posicionamentos éticos e estéticos, aliados aos movimentos de contestação, e a  apresentação de seus processos de formação. Pensando neste aspecto e na insurgência de múltiplas facetas que o sujeito contemporâneo exerce, em sua constituição como indivíduo, as artistas apresentam suas características mais intrínsecas e tornam o conjunto de obras mais complexo, potencializando as temáticas apresentadas.  

Para elucidar o trajeto da Residência-Arte Vai Passar, esta curadoria visa  estruturar a narrativa de produção de processos das cinco artistas selecionadas, trazendo à tona os aspectos pessoais e identitários das mesmas ao longo da convivência de quatro meses nos espaços da Oficina Cultural Oswald de Andrade. 

Anna Carolina Bueno traz em sua instalação múltiplas linguagens como: fotografia, vídeo, costura, paisagem sonora e esculturas; a fim de explicitar sua  pesquisa, ligada ao seu processo de atravessamento, memória e história do povo preto. A artista traz para a exposição um convite imersivo para o espectador experienciar uma vivência de sabedoria ancestral a partir de sua relação pessoal com o candomblé. 

Bárbara Serafim traz em seu trabalho suas práticas, pesquisas e experimentações sobre o corpo, materialidade e espaço. Suas obras transitam entre a produção e a disponibilidade para venda de cartões postais (registros fotográficos de trabalhos e instalações realizados pela artista durante a residência) à construção da instalação “Jóia”. Essa última visa explorar as diagramações possíveis no espaço expositivo a partir de tensões geradas entre um pêndulo e a estrutura do centro cultural, reforçando a troca e sua relação com a arquitetura e espaço da Oswald de Andrade.

Bia Rezende traz inquietações pessoais que orbitam em torno da sua experiência de dois anos residindo na cidade de São Paulo. Ela explora o  jogo entre a multiplicidade e as similaridades das experiências dos sujeitos que habitam a cidade, disparando tais questões através da obra “Afinal o que existe em SP?”, composta por uma instalação imersiva, três telas e uma ação performática onde coloca o corpo como tela, tomando como vetores disparadores de sua ação três palavras que a atravessam durante a residência “o corpo, a culpa e o espaço”.

Carolina Tiemi [ITZÁ], disparada por uma investigação caminhante nos arredores da Oficina Cultural Oswald de Andrade, a artista produzirá um mural invocando os gestos das performances do shodo japonês (caminho da caligrafia e da escrita). As performances, abertas ao público, a serem realizadas durante a exposição Vai Passar, consistem em um processo de busca de memórias familiares da artista e a impossibilidade de costurar as descontinuidades ancestrais. Para além da performance a artista ocupa o espaço da oficina com uma série de intervenções que consistem em uma arqueologia poética reversa, com a inserção de oito pequenos dentes de cerâmica em frestas, buracos e ruínas nos espaços da Oswald. Os dentes serão esculpidos e assinalados em série, partindo do depoimento de pessoas que foram atravessadas por memórias, sonhos ou fatos relacionados à arcada dentária e o campo de significados que mobiliza. 

Kim Helena traz em sua obra as memórias e ressignificações do seu  processo de transição de gênero, trazendo a potência de sua imagem como representação de resistência. A artista parte da ideia de que cada processo pessoal e único de transição nos coloca num lugar de extrema sensibilidade e entrega,  trazendo questionamentos de identidade e aceitação para com o processo de desenvolvimento e transformação. 

A exposição fluxos do eu: PROCESSOS ocupará o espaço de convivência do prédio principal da Oficina Cultural Oswald de Andrade, com obras que atravessam as barreiras da linguagem com um conjunto de pinturas, desenhos, vídeos, áudios e performances que se hibridizam dentro de um ambiente coletivo.