PROJETO

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Residência-arte é uma manifestação artística que propõe uma outra estética, de articulações e conexões. Através do compartilhamento de saberes e criação de redes, para a produção artística em um ambiente não hegemônico e atento à importância da diversidade. Um espaço onde se propõe contribuir para a construção de subjetividades pessoais e extra-pessoais, contando com diferentes corpos que se identifiquem como mulheres e com trajetórias diversas.

Uma residência-arte é uma interação discursiva, proposta por uma artista, que se concretiza na forma de uma manifestação, onde se produziu uma experiência com recorte de gênero no exercício político de construção de uma residência para mulheres. Uma política feminista que busca despertar e identificar de forma prática, através do exercício de encontros, modos de romper com a estrutura patriarcal, sexista e opressora que moldou um cenário de desigualdade de gênero e de oportunidade para mulheres, também no campo das artes. 

Residir é sinônimo de morar, estar estabelecido, ter um lugar, ter um fundamento, pertencimento, se encontrar e fazer parte. Cria-se um espaço para compartilhar um mesmo tempo, para fazer parte de um grupo, mesmo que temporariamente, e é abrir possibilidades para compartilhar saberes artísticos e pessoais. Nomear o projeto como residência é defender que residir é habitar, e habitar é pertencer, fazer parte. “O sentimento de ‘pertencimento’, assim, carrega consigo acolhimento, oferece identidade coletiva, reforça o eu individual e o equilíbrio psíquico” (Ribeiro-de-Sousa, 2021, p. 64). Dentro desse conceito, a proposta da residência-arte é articular a aquisição de conhecimentos artísticos, tendo como potencial transformador ações que incentivem as mulheres artistas a serem protagonistas e residirem (tomar posse e propriedade de suas próprias vidas) próprias histórias. 

Por meio das práticas artísticas a residência-arte pretende fortalecer uma rede e construir um espaço de habitar – mesmo que temporário e não necessariamente imersivo – para identificar lugar de fala, pertencimento e escuta na experiência gerada pelo processo em coletivo. Em seu desenvolvimento o trabalho almejou contribuir para a construção de subjetividades individuais e coletivas, dialogando com conflitos e contradições em um campo em que a mulher para existir, imaginar, inventar e transpassar dificuldades é tão complexo quanto residir em suas múltiplas formas de habitar o mundo

A residência-arte se constitui de forma itinerante e híbrida, abrangendo assim uma maior aderência de participação independente da localização geográfica das residentes. Ademais, para efetuar a construção de redes será amplificada a conexão entre as artistas residentes e o fazer artístico em suas múltiplas possibilidades. Portanto, a residência-arte é articulada por um arranjo sincrético que é constituído pela ordenação das linguagens artísticas: visual, oral, verbal, corporal e gestual, com o propósito de envolver as residentes de forma estesica – pela sensibilidade, onde o compartilhamento só se dará pela criação de vínculo; e racionalmente – pelas práticas artísticas, como oficinas, workshops e palestras. 

Desta forma, é possível identificar que o objeto de valor da residência-arte é o compartilhamento de saberes e criação de redes, que tem como proposta desconstruir o conceito de uma residência artística tradicional, operando com práticas artísticas de forma coletiva para imaginar um outro espaço para habitar. Foi proposto problematizar gênero, racialização e políticas hierárquicas ao produzir arte, com a opção de recorte para mulheres,  articulando conexões que possibilitem a remuneração das artistas a todos os envolvidos no projeto; através de procedimentos que materializaram e concretizaram processos poéticos desenvolvidos em ATO.

Produzir arte através da propositora que articula uma residência-arte como uma manifestação artística nos aspectos comunicacionais, educacionais e políticos. Fundamentando-se na relação arte-vida, que se inscreve no campo das relações entre arte, comunicação e sociedade, com foco na chamada arte relacional que “baseia-se em uma construção poética centrada nas relações humanas e sociais e geralmente é pensada fora do ambiente das instituições artísticas” (Oliveira; Corrêa, 2016, p.254).

Para tal, constituiu-se um conjunto de práticas que se materializaram através da performance da artista como articuladora, operando com regimes de coletividade, através de procedimentos estéticos e poéticos como: oficinas de diferentes linguagens artística – corpo, pintura, gravura; workshops com artistas de trajetórias diversas; mentoria para desenvolvimento de projetos; acompanhamento curatorial exposição de resultados dos processos desenvolvidos ao longo da residência.