Christine Mello
PPGCOS | PUC-SP
Março – Junho, 2025
A IMAGEM EM SUAS RELAÇÕES COM O CORPO E O ESPAÇO SOCIAL
Em tempos da Inteligência artificial e da imagem algorítmica, a disciplina estuda
modos de pensar articulações da (1) imagem em seus regimes de presença,
materialidade e sentido (por Christine Mello), em seus modos de análise, a partir
de suas (2) “dimensões relacionais da implicação” (por Henrique Nogueira
Neme) e das concepções de (3) encontro (Frantz Fanon por Cristiana Miranda e
Virginia de Medeiros), (4) ato (Luiz Claudio da Costa por Malka Borenstein e
Paula Garcia), (5) performatividade (Cesar Baio por Claudio Filho, Julia Milaré
Gropo e Luiza Prates Pichirilli), (6) ruínas do visível (por Fernanda Oliveira) e (7)
racismo algorítmico (Tarcízio Silva por Lindolfo Roberto Nascimento, Lia Karim
e Renata Rocha Oliveira).
NEME, Henrique Nogueira. Cinemas das espirais do tempo e das implicações dos
corpos: diversidade nos cinemas do Sul Global no século XXI. Memorial de
Qualificação de Doutorado em Comunicação e Semiótica. São Paulo, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 2024.
FANON, Frantz. O negro e a linguagem. In: FANON, Frantz. Pele Negra, máscaras
brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador, EDUFBA, 2008.
COSTA, Luiz Cláudio da. A condição precária da arte: corpo e imagem no século
XXI. Belo Horizonte: Relicário, 2022.
BAIO, Cesar. Rumo à imagem performativa. In: __. Máquinas de imagem:
arte, tecnologia e pós-virtualidade. São Paulo: Annablume, 2015. Pp.155-191.
BAIO, Cesar; MELO FILHO, Claudio. Cássio Vasconcellos: a imagem como enigma.
In: Angela Magalhães; Nadja Peregrino; Victa de Carvalho; Antonio Fatorelli. (Org.).
Escritos sobre fotografia contemporânea brasileira – Fotografia na Funarte 1979-
2004 (Coleção Midiateca). 1ed.Rio de Janeiro: {Lp} press, 2022, v. 4, p. 49-64
OLIVEIRA, Fernanda. Ruínas do visível: das materialidades da imagem à
visualização de dados. Dissertação de mestrado em Artes. Campinas, Universidade
Estadual de Campinas, 2023.
SILVA, Tarcízio. Racismo Algorítmico: inteligência artificial e discriminação nas
redes digitais. São Paulo: Edições Sesc SP, 2022.
Aula 27/03/25
A IMAGEM EM SUAS RELAÇÕES COM O CORPO E O ESPAÇO SOCIAL
Imagem em suas dimensões de Comunicação,
nas interrelações entre filosofia, estudos de mídia,
teorias da arte e teorias da imagem
Imagem como encontro, ato, performatividade,
ruínas do visível e racismo algorítmico
1)
Fundamentação teórica para pensarmos a IMAGEM:
Jacques Rancière (Argélia francesa, 1940)
em suas reflexões no campo da Filosofia sobre estética e política, especialmente
em seu livro O destino das imagens
RANCIÈRE, Jacques. O destino das imagens. Tradução de Mônica Costa
Netto. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. (ArteFíssil).
A partir da disciplina oferecida no PPGCOS no 1º. Semestre de 2024:
DLP: Regimes de Sentido da Imagem: Imagem e diversidade:
Interseccionalidade, feminismo decolonial, corpos políticos e
manifestações LGBTQIA+: imagens digitais, afecções traumáticas e modos
de análise. – (Código da disciplina: P08307)
A alteridade das imagens
(Jacques Rancière, págs 11-17)
“Imagem designa duas coisas diferentes. Existe a relação simples
que produz a semelhança de um original: não necessariamente sua cópia fiel,
mas apenas o que é suficiente para tomar o seu lugar. E há o jogo de
operações que produz o que chamamos de arte: ou seja, uma alteração da
semelhança” (pág. 15)
Imagem e semelhança: o plano visual, sonoro e verbal da imagem.
Imagem e dessemelhança: o outro da imagem.
“A imagem que remete a um Outro
e o Visual que só remete a ele mesmo”
(pág. 10)
Um jogo entre a “visibilidade e uma potência de significação e de afeto que lhe
é associada” (págs11-12).
“Pois surge a inquietação: não ser semelhante não equivaleria a renunciar ao
visível, ou submeter sua riqueza concreta a operações e artifícios que
encontram sua matriz na linguagem? Um contramovimento se desenha então:
o que se opõe à semelhança não é a operatividade da arte,
mas a presença sensível, o espírito feito carne,
o absolutamente outro que é absolutamente o mesmo” (pág. 16).
2)
Estudo da imagem em seus regimes de materialidade, seguido por análise
crítica a partir da experiência da imagem no mundo e na arte contemporânea por
meio das redes audiovisuais:
2.1)
Materialidades factuais, sensíveis, imagem e semelhança:
IMAGENS DO MUNDO
- Ministro do STF Alexandre de Moraes (em 26/03/25): vídeo de comprovação
da materialidade dos delitos em 08/01/23, por meio de recorte de matéria da
Folha de São Paulo/Política, que circulou neste mesmo dia no Instagram.
2.2)
Materialidades factuais, sensíveis, imagem e dessemelhança:
IMAGENS DA ARTE
- Acervos Digitais
www.acervosdigitais.fau.usp.br
Prática artística em análise: vídeo documentário “Domingo no golpe” (2024), de
Giselle Beiguelman e Lucas Bambozzi
Aula 10/04/25
3)
Fundamentação teórica para pensarmos a IMAGEM COMO ATO:
Luiz Claudio da Costa | UERJ (https://luizclaudiodacosta.com.br)
em suas reflexões no campo da Teoria da Arte sobre corpo e imagem no século
XXI, especialmente em seu livro A condição Precária da arte: corpo e imagem
no século XXI
COSTA, Luiz Cláudio da. A condição precária da arte: corpo e imagem no século
XXI. Belo Horizonte: Relicário, 2022.
A partir do Ciclo de Debates Extremidades, linguagens, mundos oferecido pelo
Grupo de Pesquisa Extremidades/ PPGCOS no 2º. Semestre de 2024 (Debate
1 – 23/08/24):
- https://extremidades.art/x/ciclodebates2024/
https://youtu.be/ZNMLFqjLwfA
O ser precário: por uma outra ontologia do corpo
(Luiz Claudio da Costa, págs. 28 – 67)
- O ato da imagem: o reconheci,ento da falha
(Luiz Claudio da Costa, págs. 68-134)
“Na segunda metade do século XX, a arte, ao entrar em contato com aquilo
que ela não é, torna-se precária, assemelhando-se à vulnerabilidade da vida.
Expondo-se ao outro e aos sistemas de poder que organizam a vida, a arte
exibe uma fragilidade, uma incerteza em sua própria expressão”
“Na prática artística desde então, a precariedade diz respeito à força da falha
que move o desejo, deslocando representações e demandando do outro um
gesto, uma ação, um ato de imaginação. Nesse sentido, a precariedade
estética alça dimensão política”
“Imagem como experiência vivida no corpo do espectador
que interage com a obra”
IMAGEM COMO ATO
Pensar a imagem a partir do corpo e do espaço social.
A imagem em seus regimes de presença: a imagem como corpo,
como inscrição do gesto, da ação e presença.
Experiência e processo de produção da imagem
a partir do corpo e do espaço social.
Pressupõe um processo de troca entre o dentro e o fora da imagem:
“As marcas do outro na imagem,
as marcas da imagem no outro: a condição precária da imagem”
A imagem a partir de uma experiência de contato, como permeável ao real e
não apenas restrita ao plano metafísico.
A imagem em suas relações com as linguagens do corpo
e ambientada no espaço social.
O lugar da não separabilidade entre imagem, corpo e espaço social:
a imagem se faz no corpo do outro, com o outro: essa é a sua precariedade.
4)
Estudo da imagem em seus regimes de presença, seguido por análise crítica
a partir da experiência da imagem em práticas artísticas de Piet Mondrian
(Amersfoort, 1872 – Nova Iorque, 1944) e Lygia Clark (Belo Horizonte, 1920 –
Rio de Janeiro, 1988)
Mondrian
O espaço ideal moderno, o CUBO, o Neoplasticismo/De Stijl, impactos na pintura
concreta.
IMAGEM COMO ABSTRAÇÃO e PRÁTICA GEOMÉTRICA: imagem como
objeto em si mesma. Questões da autodeterminação, autonomia, autosuficiência
e universalidade do projeto moderno.
Lygia Clark
Desenhe com o dedo (1966)
Uma bolsa plástica com água com a inscrição de um título imperativo para a
operação direta com a obra: Objeto relacional.
O ATO é o que produz o desenho: IMAGEM COMO ATO.
Permeável ao real, como um processo de troca, a partir da experiência de
contato e de relação com o outro:
a imagem é inscrita simultaneamente como um ato da imaginação, como a
manifestação de um ato e como um ato corpóreo.
A inscrição do ato na imagem, como ação: regimes de presença da imagem.
Questões da arte contemporânea: proposição participativa, performativa,
corpórea, processual, imanente, sensorial, ação em tempo real, para a inscrição
de relações entre imagem, corpo e espaço social.
- O gesto, a gestualidade, a ação, o corpo e o espaço social: pressupõe
simultaneamente um corpo que imagina e um corpo que atua.
Proposição de caráter ético-estético-política.
A impossibilidade de fixar (dar permanência) (a)o desenho, a imagem:
conduz tanto à experiência do fracasso do desenho como linguagem
visual/abstrata quanto à sua potência como linguagem do corpo.
A imagem em sua impermanência das formas, em sua precariedade, em sua
interdependência com o outro; como a imagem da vida, da existência, a partir do
“desejo e da angustia da incerteza” (LCC).
- “A imagem em suas relações de heteronomia – a exposição e a vulnerabilidade
em relação ao outro” (LCC):
a imagem em suas relações com o fora – o estrangeiro – o estranho – a diferença
– a alteridade.