Paula Garcia

Artista e pesquisadora é mestre em Artes Visuais pela FASM-SP e bacharel em Artes Plásticas pela FAAP. Suas pesquisas e experiências artísticas enfocam performance e curadoria em performance. Atua como artista, curadora independente e curadora de projetos do MAI – Marina Abramovic Institute. Principais exposições: Terra Comunal – Marina Abramovic + MAI – Curator: Marina Abramovic e Paula Garcia – SESC Pompéia, São Paulo. (2015); The artist is an explorer – Curador: Marina Abramovic / Beyeler Foundation – Basel (2014); The Big Bang : 7 Bienal El Museo del Barrio – Curadoria: Chus Martinez / Rocío Aranda-Alvarado / Raúl Zamudio – El Barrio Museum, New York (2013/2014); The 19th Annual Watermill Center Summer Benefit – Walter Mill, New York (2012); 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea Videobrasil_SESC no SESC Belenzinho – SP; Performa Paço no Paço das Artes – SP (2011); 6a Edição da Mostra Anual de Performance na Galeria Vermelho – SP (2010); “Galeria Expandida” na Luciana Brito Galeria – SP (2010) ; “Variação” na Escola São Paulo (Projeto Encontros com Arte) (2009); Projeto Tripé / Vídeo no SESC Pompeia – SP (2008); Virada Cultural no SESC 24 de Maio – SP (2008); coletiva “Mostravideo” no Itaú Cultural de BH e PA, Escola São Paulo – SP (2007); mostra “Vorazes, grotescos e malvados”, no Paço das Artes – SP (2005).

Minha pesquisa como artista nos últimos anos consistiu em desenvolver um procedimento artístico que eu intitulei Corpo Ruído. Esta prática opera com a capacidade daqueles dispositivos dos sentidos que podem gerar uma desestabilização da idéia de um corpo que experimenta. Optei por operar nos dispositivos acima mencionados, porque estes últimos são capazes de produzir distorções que podem afetar a compreensão usual de uma experiência, trazendo uma experiência perceptiva alternativa de um ambiente. Na minha prática eu criei uma série de performances em que eu cubro todo o meu corpo com ímãs muito fortes, enquanto outros artistas tocam esses imãs com pedaços de ferro industriais até o meu corpo desaparecer sob esse lixo e espaços inteiros imantados onde performa dentro. O conceito de “Noise Body” representa um corpo que é definido por uma soma de três fatores: precariedade, incerteza e risco. Os ímãs são elementos do meu trabalho que servem para discutir o conceito de forças. Não apenas do tipo subjetivo invisível, mas também do tipo mais evidente de forças sociais que trabalham para consolidar um sistema de poder que acaba moldando coisas como corpos, sentimentos, subjetividades e verdades. Nessas performances eu tento mostrar corpos desmontados, desmoronando. Em última análise, o que proponho em minhas ações é um uso performativo do meu corpo como “suporte material no qual as formas de conflito são inscritas”.

Em 2010, concentrei-me mais nos estudos e práticas curatoriais, combinando minha pesquisa artística, desenvolvendo projetos e pesquisas em conjunto com curadores de performance, como Marina Abramovic, Robert Wilson, Christine Mello e Chuz Martinez. Trabalhando em espaços importantes, como a Fundação Beyeler, o Watermill Center, SESC Pompeia, SP-arte  e outros espaços no Brasil, Europa e Ásia.

O exercício curatorial e a prática tornaram-se uma importante área de interesse para mim, pois vi uma maneira de tornar viável e viável apresentar projetos de vários artistas que eu vinha acompanhando ao longo dos anos – operadores de uma linguagem (performance) ainda ostracizada do grande circuito – considerando o que tenho visto nos últimos anos. Em 2014 me tornei curadora associada do Instituto Marina Abramovic (MAI), no qual tive a oportunidade de curar e produzir importantes projetos junto a artistas e curadores internacionais e ainda mais, experimentando formatos de exposições, que acredito serem mais alinhados a valorizar as experiências artísticas, como fizemos em projetos como o TERRA COMUNAL | Marina Abramovic + MAI em São Paulo (Brasil / 2015), NEON + MAI | AS ONE realizado em Atenas (Grécia / 2016) e A Possible Island? realizada em Bangkok (Tailândia / 2018). Nesses projetos, trabalhei de perto com um grupo total de mais de quarenta artistas de diferentes partes do mundo.

Pesquisando, produzindo e curando, seja com o MAI ou em projetos independentes em parceria com centros culturais internacionais e instituições de arte, eu me dediquei a manter um profundo exercício de promoção do diálogo e uma abordagem afetiva e profissional com artistas e entre artistas. A expansão do potencial e formato de cada projeto de exposição, comissionamento e exibição de obras performáticas, aproveitando essas oportunidades, estimulando um diálogo próximo e intercâmbio artístico entre artistas (curador-artista, artista-artista) tornou-se minha principal motivação para cultivar meu trabalho. curadoria de pesquisa e trabalho, que ao longo dos anos me permitiu estabelecer e promover uma ampla rede de artistas performáticos e curadores, atuantes em diversas partes do mundo.

Texto: Site oficial da artista

CURAÇÃO

CURAÇÃO é um grupo de artistas de diferentes origens que queriam trabalhar juntos e ter o processo como objetivo principal. Passamos muito tempo juntos em encontros online muito longos para discutir os processos dos artistas, não apenas envolvidos neste projeto, mas também falando sobre as lutas que eles têm que lutar para poder acessar e ser legitimados como arte mainstream. Este projeto trata de artistas que têm a urgência de expressar o que sentem, mesclando diferentes linguagens como: moda, música, performance, vídeo, escultura, impressão, etc. As narrativas poéticas que saem da CURAÇÃO são efêmeras, viscerais, como o fogo , vômito, paixão, amor e raiva. Outro elemento importante desses artistas é como eles estão completamente envolvidos com seu próprio processo interno e como o materializam em uma ação. Nascem e voltam ao corpo, como eixo central dos afetos. A palavra CURAÇÃO não existe nos dicionários portugueses. Inventamos essa palavra, que nos lembra a palavra cura em português. E ação em português significa ações. Cura é uma palavra que significa cura com ação ou cura em ação. A maioria dos integrantes do CURAÇÃO são transgêneros, negros e artistas asiáticos. A cena artística brasileira é predominantemente branca e fruto de um sistema que permanece com “valores” e práticas colonizadas, embutidos no tecido da sociedade brasileira. Nos nossos encontros online que integraram este projeto, os temas e questões levantados pelos artistas estiveram relacionados com os desafios do cotidiano, mas dentro destas dificuldades emergiram as narrativas poéticas mais potentes que criam diferentes lugares, dimensões e linguagens. A nossa decisão foi convidar um dos coletivos que fazem parte da mostra, Estileras, para colaborar com todos os demais projetos. Estileras já se apresenta ao vivo há 3 anos e eles têm a sensibilidade para entender como transmitir cada ação. A maior parte desses 12 artistas / coletivos faz parte de uma rede de arte e colabora em diversos desfiles de moda, exposições de arte e trabalhos comerciais para marcas e revistas. Ninguém melhor do que eles próprios para comunicar suas ações e corpos. Não foi um processo curatorial típico. Nesse caso, os artistas e a curadoria queriam estar juntos e criar um projeto a partir de nossos encontros / residências online. Durante esses processos, entendemos os caminhos que se abriram diante de nós. A construção do programa foi algo baseado em como, sem previsão, cada projeto foi executado. Houve momentos nas conversas em que choramos, nos protegemos, traçamos um futuro diferente, entendemos a vontade de atuar junto a um determinado artista, pois havia temas e sentimentos semelhantes. Que esse show é sobre aliança, mas também sobre pegando a luta para ter acesso e também para criar um sistema diferente que entenda e trabalhe com as questões que esses artistas falam em sua vida / arte. Desta forma, HOA está abrindo um novo caminho com uma estrutura diferente. Uma galeria que tem um CEO e seus curadores / colaboradores também como artistas, isso mostra como é urgente os artistas estarem na linha de frente dessa luta, propondo também novos modelos de negócios e descolonizar o mercado de arte. HOA representa boa parte dos artistas dessa mostra, isso representa mudanças estruturais na forma de fazer e perceber arte no Brasil e no mundo e é desse lado que queremos estar.

Texto (tradução livre): Site oficial da artista

Curação – Day 1, 2020
Curação – Day 2, 2020
Curação – Day 3, 2020
Curação – Day 4, 2020

Ficha Técnica

Artistas:
Cyshimi @cyshimi
Ikaro Cavalcante Occulted @occulted
Luccas Morais Ladyletal @ladyletal
Coletivo Inserto @_inserto
Alice Yura @yura.alice
Bibols @terribolsbibis
Milena Fonseca @mil.em.1
Iara Martinhos @travest.iara
Brasilândia.co @brasilandia.co
Vitória Ferreira @vitinha_nervouss
Sabine Passareli Simões @sororcuir
Enco @encodesgem
Aun Helden @aunhelden
Gondris Cavel @gondris_cavel
Emocorebaby Henrique Leite @emocorebaby
Ariel Nobre @oarielnobre
Caroline Ricca Lee @rycca.lee
estileras @estileras
estilera Boni Gattai @3stilara
Kelton Campos Fausto @keltoncf
estilera Brendy Xavier @0000000brendy

Curadores/ Produtores:
Paula Garcia @paula_garcia
Caroline Ricca Lee @rycca.lee
Monique Lemos @moniquelms

Apresentado por:
Centro Cultural São Paulo @ccsp_oficial

Parceria:
Hoa Tour @hoatour
Igi Ayedun @igiayedun

Festival Música Estranha – 2021

um Festival em hiato, que busca um novo formato

Como pensar um festival de música e artes híbridas neste momento de recessão econômica e pandêmica, um ano depois do início do isolamento social? O que apresentar e como apresentar tanto para o público quanto para os artistas envolvidos? Com esses questionamentos, depois de muito planejar e replanejar, nasce a edição do Festival Música Estranha intitulada 8 ½, que será realizada nos dias 24 e 25 de abril, através de suas plataformas virtuais. Essa edição – em referência ao notório filme de Fellini – remete a um estado de suspensão, como um hiato entre tempos, entre passado e futuro, fantasia e realidade, buscando um contato próximo com o público e oferecendo aos artistas um outro tempo para a reflexão e criação artística.

Através do encontro entre artistas que circulam entre a música de invenção, as artes sonoras e as artes visuais , o Festival busca questionar e refletir sobre o fazer artístico hoje se apoiando em pautas que marcam os tempos atuais explorando a própria rede como meio de expressão.

As cinco mesas de debate trazem temas atuais e necessários como inteligência artificial e academia e arte experimental, com convidados de diferentes áreas culturais.

Paula Garcia e Virgínia de Medeiros com mediação de Christine Mello

Virginia de Medeiros e Paula Garcia trabalham em meios como performances, instalações, documentários, intervenções urbanas, filmes e vídeos experimentais. A proximidade entre as artistas reflete urgências de uma discussão de temas em comum, ligados à urbanidade, corpo, políticas sociais e confluências estéticas, tendo o cruzamento de linguagens artísticas como um fator de desafio desse projeto. As artistas propõem uma experimentação interseccional de suas práticas e processos criativos para concepção de uma obra que entrelaçam visualidade e o experimentalismo sonoro no espaço urbano e ambiente virtual. 

Indicações da artista

Dança:

Pina Baush / Sidi Larbi Artes Visuais Brasilândia.co / Kelton Campos / Estileras / Marina Abramovic / Joseph Bueys / Lygia Clark / Hélio Oiticica / Leonilson / Janet Cardiff Música Radiohead / Elis Regina / Anohni / Milton Nascimento / Baiana System / Caetano Veloso Autores Jota Mombaça / Paul Preciado / Suely Rolnik / Eliane Brum / Djamila Ribeiro


Referências Bibliográficas Livros:


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São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
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URLs – Endereços Eletrônicos:


Disponível em: http://www.mnemocine.com.br/aruanda/vertov.htm. Acesso em:15/01/2009.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=pcHnL7aS64Y. Acesso em: 02 fev. 2009.
Disponível em: < http://www.ubu.com>. Acesso em: vários acessos.



Catálogos:


Lygia Clark: da obra ao acontecimento. Somos o molde. A voice cabe o sopro (curadoria de Suely Rolnik e Corinne Diserens). Musée des Beaux – Arts de Nantes (08 out. a 31 dez. 2005)/ Pinacoteca do Estado de São Paulo (25 jan. a 26 mar. 2006).
Nam June Paik: Video Time – Video Space (curadoria de Toni Stoos e Thomas Kellein). Abrams, 1993.
Nam June Paik y Corea: de lo fantástico a lo hiperreal. Fundación Telefonica. s/d.
Sonia Andrade: Vídeos, 2005-1974 (curadoria de Luciano Figueiredo). Rio de Janeiro: Tisara Arte, 2005.
Teses:
SILVEIRA, Regina. Anamorfas. 1980. Dissertação (Mestrado em Artes
Plásticas) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1980.
NEVES, Galciani. Tramas comunicacionais e procedimentos de criação: por uma gramática do livro de artista. 2009. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica) – Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.