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Mise en scène e corpo no cinema no século XXI: reflexões críticas a partir de Apichatpong Weerasethakul e Henrique Nogueira Neme

Henrique Nogueira Neme

Este estudo parte das primeiras discussões sobre a encenação no cinema (mise en scène) e suas
consequentes problematizações, avança para as teorias que acompanham o tema na passagem do cinema
clássico para o cinema moderno e analisa as formas de apresentação da mise en scène no século XXI.
Com base nesse mapeamento inicial, a pesquisa promove uma revisão crítica da noção de mise en scène
à luz do cinema independente dos anos 2010, por meio da análise de sequências dos filmes Tio Boonmee,
que pode recordar suas vidas passadas (2010), de Apichatpong Weerasethakul, e Hermético (2017), de
Henrique Nogueira Neme. Com elas, vê-se um tipo de relação estabelecida em ficções cinematográficas,
sob a forma de “narrativas sensoriais” (GONÇALVES, 2014), nas quais as relações entre as imagens não
desenvolvem uma narratividade que se opera por cadeias de sentido servindo a uma estrutura dramática
com enredo, viradas, clímax e desenlaces derradeiros. Nas “narrativas sensoriais”, as imagens expõemse de modo aparentemente autônomo, por serem exploradas nas suas potências plásticas como se
apresentam ao observador. A produção de uma história contada e organizada numa série de sentidos
fechados dá lugar à produção de uma obra que se apresenta enquanto um devir provocador de sensações
e afecções. Trata-se de expressões que trabalham intensidades na imagem – pela articulação de planos e
seus respectivos enquadramentos – e evidenciam uma relação com o corpo, que compreende os
personagens e os demais elementos constituintes da paisagem que se fazem presentes no campo visível
da imagem cinematográfica. A estrutura teórica é interdisciplinar entre comunicação, arte e filosofia. A
pesquisa parte de Paul Virilio (2002) e Luiz Carlos Oliveira Júnior (2014) para conceituar as
problematizações da mise en scène cinematográfica e as estéticas que se constroem pela exploração de
intensidades na imagem. Phillipe Dubois (2004) e Christine Mello (2008) possibilitam organizar a
fundamentação por meio de suas teorias da comunicação, mais especificamente teorias da mídia com
ênfase no campo audiovisual. Mônica Toledo Silva (2005, 2011) e Lucia Santaella (2018) apresentam
conceitos que permitem analisar o corpo na imagem cinematográfica e o corpo estendido nos elementos
que compõem a obra cinematográfica. Osmar Gonçalves (2014) e Hans Ulrich Gumbrecht (2010, 2011)
ajudam a fundamentar, respectivamente, as “narrativas sensoriais” no cinema e suas formas de
apresentação. A análise das obras cinematográficas, a partir das problematizações da mise en scène,
empregará a abordagem das extremidades desenvolvida por Christine Mello.

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