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Escritas negras: oralitura, falatório e escrita performática à margem a partir de Stella do Patrocínio e Lindolfo Roberto Nascimento
Lindolfo Roberto Nascimento
Esta dissertação produz uma reflexão crítica sobre escritas negras, em suas relações entre arte, racialidade e vidas negras à margem, a partir de uma visão comunicacional-poética. Compreendem-se escritas negras como escritas à margem, escritas feitas com o corpo, encontradas tanto em concepções de literatura e oralitura (Leda Maria Martins) quanto em procedimentos de linguagem como o falatório (Stella do Patrocínio) e a escrita performática (Lindolfo Roberto Nascimento). Tem como objetivo analisar essas escritas negras realizadas, em especial, em situações de psiquiatrização por meio de procedimentos performativos na produção de corpos, oralidades e discursos literários à margem, considerados em suas contaminações. Produzidas por pessoas negras, de matrizes afrodiaspóricas, compreende-se por escritas negras o corpus da pesquisa, formado pela seleção das seguintes obras literárias: Reino dos bichos e dos animais é o meu nome (2001), de Stella do Patrocínio – mediada pela organização e edição de Viviane Mosé –, e o chamado Experimento MAMEMI, de Lindolfo Roberto Nascimento – composto pelas obras Mandala naïf (2020), Medusa em braile (2021) e Miragens concretas (2023). A intenção é identificar os procedimentos comunicacionais estabelecidos nas duas concepções poéticas na constituição de vozes silenciadas como subjetividades negadas, observando de que modo as escritas negras, embora se constituam como práticas artísticas à margem social, não são menos importantes na compreensão da produção artística contemporânea. Nessa direção, a problematização principal diz respeito a questionar o que determina as escritas negras como escritas à margem.
Significa falar de vidas negras constituídas pela concepção poética dos dois autores em questão. Para tanto, a fundamentação teórica se baseia, além de Martins (cultura negra, oralitura e performance), em bell hooks (conceitos de racialidade e margem) e Christine Mello (para análise do corpus por meio da abordagem das extremidades). A partir de bell hooks, a dimensão de margem nas escritas negras de Patrocínio e Nascimento se relacionam com as contaminações entre oralitura, falatório e escrita performática, originando, com isso, a presente noção de escritas à margem. Constatam-se, nessas vidas, corpos e oralidades negras, as dimensões poéticas tanto de vulnerabilidade quanto de resistência, o que permite observar a ressignificação de práticas artísticas na contemporaneidade como o gesto de amplitude para a escrita contemporânea firmada por minorias não minoritárias, agenciadoras da sociedade em sua luta por diminuição da desigualdade.
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