A exposição PIRACEMA: deslocamentos em busca de outros mundos possíveis a partir da arte é um experimento artístico que convida o espectador a se deslocar dentro de um espaço independente de arte. Um movimento exploratório que coloca em discussão as fronteiras entre espaço-obra-espectador e artista-curador, na busca de construir uma exposição a partir de vínculos, afecto e afecções artísticas. Um espaço independente que é atravessado pelo desejo de repensar outros modos de estar no mundo e se estrutura para articular uma rede de artistas que nadam contra a corrente do sistema artístico institucional. Ou seja, artistas autônomos, artistas-pesquisadores, artistas sem galeria, artistas-ativistas, coletivos de artistas e artistas fora do circuito tradicional da arte.

Idealização: Juliana Lewkowicz | Curadoria: Juliana Lewkowicz e Malka Borenstein | Produção: Giulia Lapetina (Ūkalli)

Artistas: Ana Helena Santana, Ana Imani, Anna Bueno, Bárbara Serafim, Bernadette Trench-Thiedeman, Christian Dalgas, Cristiana Camargo, Deadorin, Deusvaldo Pereira,  Duca Caraíva, Dudu Tsuda, Fabiano Kuaray Papa, Fernando Davis, Giulia Lapetina, Helô Mello, Igor Romualdo, Isabelle Passos, Juliana Lewkowicz, Lindolfo Roberto Nascimento, Luiz Lira, Malka Borenstein, Marilua Feitoza, Natasha Barricelli, Ramon Santos, Selene Alge, Susanne Schirato, Tati Pi e Vank.

Coletivos: Colo de Vó: Josiane Oliveira, Maria Aparecida, Rosa Maria, Josefa Olindina, Nilva Hugen, Jovelina, Antônia do Rosário, Maria Romão, Cícera, Meire, Vanuza, Iracema, Valdineia e Marlen; Espiralistas: Andrea Drigo, Dea Smith, Fabiana Deus, Juliana Miranda, Lu Shirakawa;  Marcia Nishitani, Maria Claudia Mesquita, Michelli Provensi, Tati Pi; Jayy Tranças: Jaiane Damasceno, Janaína Damasceno, Daiane Damasceno e Deusvaldo Pereira; Kōdos: Fernanda Oliveira e Claudio Filho; Mulheres do GAU: Aldineia Pereira da Silva, Bruna Marques Cardoso Alves Pereira, Elaine Cristina de Jesus Rodrigues, Joelma Marcelino de Santos, Kelly Cristina Aragão Guedes, Maria de Fátima Caselli, Maria Helena Caroba da Silva, Maria Joana de Souza Paixão, Vilma Martins e Conceição Brito Lisboa; Residência-arte Vai passar; Verdescola: Wesley dos Santos Freitas, Nicoli da Silva, Geovani Santana, Caio Rezende; Maria Thalita da Silva e Kadmiel Santo – Coordenado por Martin Gurfein

A exposição ocorre de 18/05 até 20/06 de quartas e sextas (11h às 16h) e de sábados (16h às 22h) na Rua Gomes de Carvalho, 615, em São Paulo e contará com uma agenda de ações para ativar o espaço, que pode ser conferida a seguir:

OFICINA 

Oficina de escultura de argila gratuita | 23 de maio com Vank – das 11h as 13h.

AGENDA DE PERFORMANCES

Performance sobre tecido I 18 de maio às 12h e 25 de maio às 17h30

Autoria: Ana Imani

Título: Corpo-terra

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Performance I 25 de maio às 15h

Autoria: Malka

Título: Corpo esgotado

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Performance sonora I 08 de junho às 17h

Autoria: Espiralistas

Título: Experimentação frequencial

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Uma ação performática de música instrumental e dança I 15 de junho às 11h 

Autoria: Deadorin

Título: Os obstáculos da pele – um punhado para o molho 

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Performance I 15 de junho às 16h 

Autoria: Jayy tranças

Título: Abrindo Caminhos

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Performance I 20 de junho às 18h30 

Autoria: Bárbara Serafim

Título: Espelho movente

MOSTRA DE CINEMA

25/05/2024

Biocêntrico

Ano produção: 2022

Dirigido por: Ataliba Benaim e Fernanda Heinz Figueiredo

Gênero: Documentário

Duração: 108 minutos

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06/06/2024

Symbiotic earth: how Lynn Margulis rocked the boat and started a scientific revolution 

Ano produção: 2018

Dirigido por: – John Feldman

Gênero: Documentário

Duração: 144 minutos

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08/06/2024

Lavra 

Ano produção: 2021

Dirigido por: Lucas Bambozzi

Gênero: Documentário

Duração: 100 minutos

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15/06/2024

Leviathan – 

Ano produção: 2023

Dirigido por: Carlos Papa

Duração: 17:33 minutos

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15/06/2024

Oremba’e Eí Yma Guare: o mel do passado – 

Ano produção: 2016 – 2019

Dirigido por: Laura Rachid e Thiago Carvalho Wera’i

Duração: 38 minutos

Sobre o projeto: 

A exposição PIRACEMA: deslocamentos em busca de outros mundos possíveis a partir da arte (2024) é uma idealização de Juliana Lewkowicz, que nasce de sua pesquisa de mestrado na PUC-SP, que partiu do estudo dos diálogos possíveis entre arte e natureza e da vontade de reativar um espaço desocupado, onde foi uma fábrica de sapatos artesanais.

O projeto parte do movimento da piracema – onde os peixes deslocam-se rio acima para reprodução – movimento esse, que Juliana faz ao colocar seu corpo no subir das escadas do imóvel, o espaço é assim ativado por suas memórias. Ao movimentar-se como artista surge uma curadora. Mas como um peixe sozinho não faz uma piracema, outros artistas são convidados a deslocar-se junto, num fluxo de forças, e assim se constrói um espaço independente de arte.

Atravessada por esse corpo em experiência Juliana convida a artista Malka Borenstein para construir junto uma articulação coletiva dentro da equipe curatorial da exposição. Um encontro por afeto que se expande para uma rede de artistas e suas subjetividades, uma articulação que é feita para a construção de sentido, de experiência e de coletividade num espaço de arte.

A ideia que guiou a construção dessa curadoria foi de que o modo de vida que nós (povo da mercadoria – Kopenawa) escolhemos para viver acabou gerando uma crise ambiental e, portanto, seria preciso buscar outras formas de estar no mundo se quisermos viver em um planeta que não seja hostil para a vida humana. A exposição então foi construída a partir da pergunta: como a arte poderia nos ajudar a pensar outros mundos possíveis? 

A partir do título do livro do Krenak: O futuro é ancestral; para pensar em outros futuros possíveis para além da crise ambiental, seria preciso resgatar a ancestralidade portanto, trabalhos que busquem o conhecimento ancestral, que nos ajudem a nos aproximar dos seres mais que humanos e do criar no coletivo foram sendo selecionados neste exercício de fabular um futuro além do apocalíptico. A curadoria selecionou trabalhos de materialidades diversas para que sejam acionados estímulos sensoriais diversos no corpo do visitante. A exposição está sendo cuidada por um coletivo, são 8 coletivos artísticos que participarão da exposição, e mais de vinte artistas, com uma programação de performances e uma mostra de cinema que vai acontecer no fim do dia, no solar do prédio ao ar livre. 

Esse deslocamento em busca do encontro com o outro, construir redes de afeto e dar importância ao que temos de diferente, a alteridade, nos ajuda a sair do individualismo para começar a pensarmos coletivamente. Porque só vamos conseguir criar outro futuro, se o fizermos juntos!

Texto: Juliana Lewkowicz